A empresa portuguesa, fundada em 1986, está a modernizar a unidade fabril no distrito de Santarém para quadruplicar a produção para 75 milhões de metros quadrados de materiais autoadesivos. A instalação dos novos equipamentos começa em agosto.
A empresa portuguesa Digidelta, especializada no fabrico de sistemas e materiais de impressão, está a fazer um investimento de 3,5 milhões de euros na modernização da fábrica que tem em Torres Novas. O processo de robotização tem o objetivo de aumentar significativamente a capacidade produtiva e a eficiência das operações industriais, quadruplicando dos atuais 15 milhões de m² de adesivos produzidos para cerca de 75 milhões de m². O financiamento desta renovação da unidade fabril ficará concluído até ao final deste ano e começa a produzir efeitos a partir de 2025. Os novos equipamentos vão ser instalados já no próximo mês de agosto, avançou o fundador e CEO ao Jornal Económico (JE). “O investimento vem de uma estratégia de crescimento que tivemos que suspender com a Covid-19. Este ano conseguimos finalmente recuperar e ultrapassar até os valores de 2019, principalmente, na área da exportação dos materiais autoadesivos que fabricamos em Torres Novas. Vendemos em 60 países e cada vez há mais procura,” justificou Rui Leitão.
Rui Leitão conta que a empresa percebeu, ainda antes da pandemia, que seria necessário aumentar a capacidade de produção. “Já estávamos a atingir um limite do que conseguíamos satisfazer em termos de pedidos. É uma nova unidade produtiva com automação, principalmente, na área do embalamento. A empresa ficará dotada de uma capacidade de resposta muito mais eficiente, podendo proporcionar serviços mais rápidos e com melhor controlo de qualidade,” diz ao JE.
Na prática, o que vai mudar naquele espaço com 10 mil m² localizado no distrito de Santarém? Trata-se de uma nova linha de revestimento de adesivos, da automatização do embalamento e de um armazém automático para produtos semiacabados. Ou seja, a Digidelta adquiriu uma quarta máquina de produção de autoadesivos mais evoluída e digitalizou a etapa de embalamento. Para esta transformação operacional, assinou contratos com uma empresa americana que tem uma fábrica metalomecânica em Bilbao e uma tecnológica portuguesa de software e hardware, cujos nomes e valores associados não foram revelados.
“Depois de produzidos os autoadesivos, eles têm de ser colocados em rolos, embalados em caixas e colocados em paletes. É um trabalho manual que vai passar a ser robotizado e, consequentemente, mais eficiente,” sintetiza o empreendedor que criou esta empresa há quase 40 anos depois de sair de um gabinete de contabilidade onde trabalhava.
Em 2023, a Digidelta registou o melhor volume de negócios de sempre (41 milhões de euros), mais três milhões de euros do que no ano anterior. Com a nova maquinaria, a ambição é ultrapassar os 43-44 milhões de euros em 2024 e, nos próximos cinco anos, atingir os 75 milhões de euros.
Como? Para que indústrias vende? Comunicação visual, sign graphics, marketing e publicidade, têxtil, rótulos e embalagens, couro e calçado, decoração de interiores e impressão a três dimensões (3D). Atualmente, os produtos mais comercializados são os adesivos da Decal, a marca própria da Digidelta lançada em 2009 e que constitui uma das suas duas áreas de negócio.
Há outro impulsor destes resultados financeiros: a parceria com a japonesa Mimaki, fabricante de impressoras jato de tinta, 3D e máquinas de corte para o mercado gráfico e têxtil, de quem é representante exclusivo para a Península Ibérica. “A estagnação no setor de moda foi compensada por uma procura contínua nos segmentos de roupas desportivas, esperando-se uma recuperação completa e um aumento significativo da procura em 2024,” prevê Rui Leitão.
A nível internacional, a Digidelta tem presença física em Espanha, com unidades comerciais e técnicas nas cidades de Madrid e Barcelona, e nos restantes países para os quais exporta, conta com distribuidores que revendem os produtos localmente.
“Quase todos os dias somos abordados por empresas que procuram crescer e outras que pretendem investir (fundos de investimento ou empresas do nosso setor). Acho que ainda não é o momento. Estamos numa fase muito favorável de crescimento, queremos aproveitá-la e consolidá-la. O dia de amanhã ninguém sabe, portanto não se podem fechar portas e temos de estar preparados,” afirma.
Quanto à sucessão, admite que “é uma questão interessante, porque efetivamente é uma das que está em cima da mesa”. Será “mais interna”, pela própria equipe de gestão que o acompanha há vários anos, alguns executivos há mais de 20, e que “naturalmente, irão fazer esse percurso”. “Na minha família ou descendentes diretos, não estão para aqui virados. Têm cada um as suas profissões e os seus projetos”, confessa o empresário.